A evolução de Kratos: Como o personagem se reinventou duas vezes

Da fúria espartana à sabedoria nórdica — a transformação de um deus guerrreiro

Kratos, protagonista da franquia God of War, é um dos personagens mais icônicos dos videogames. Sua jornada atravessa eras mitológicas distintas, e sua evolução vai muito além de trocas de armas e ambientações: é uma história sobre redenção, paternidade e reconstrução.

A transformação de Kratos pode ser dividida em dois grandes arcos — a era grega e a era nórdica —, cada uma com motivações, dilemas e aprendizados distintos.

1. O Kratos da mitologia grega: raiva e vingança

Nos primeiros jogos da série, Kratos é motivado por furor e sede de vingança. Ele era general espartano, atormentado pela perda de sua família, manipulável por Ares e outros deuses do Olimpo.

Ao seguir servindo aos deuses, ele gradualmente percebe que está preso a um ciclo destrutivo — ele derrota Ares, mata praticamente todos os deuses gregos e acaba confrontando Zeus.

Em God of War III, Kratos enfrenta Gaia, Titãs e finalmente Zeus, revelando que sua vingança é tão pessoal quanto épica.

Neste arco, o personagem é movido pela culpa, pela violência e por uma sensação de vazio. Ele destrói tudo ao seu redor, mas pouco compreende sobre perdão ou paz.

Fonte: AdoroCinema / Divulgação

2. A transição: rompendo com o passado

Após a queda do Olimpo, Kratos não desaparece — ele se afasta e perambula, carregando suas cicatrizes físicas e emocionais.

Foi nesse limbo que ele decidiu reconstruir sua vida. A equipe de desenvolvimento de God of War (2018) descreveu essa fase como uma “jornada interna”: não mais um bárbaro sedento por sangue, mas um homem mais introspectivo.

O salto para a mitologia nórdica não é apenas geográfico, mas simbólico: é um recomeço para Kratos, agora lidando com sua própria identidade e com a responsabilidade — algo que ele nunca teve de verdade quando era governado pela raiva.

3. Kratos nórdico: o pai, o sábio e o guardião

Com o reboot de 2018, a franquia God of War apresenta um Kratos mais velho e calmo. Ele vive em Midgard com seu filho, Atreus, fruto de sua relação com Faye.

Em vez das lâminas do caos, agora ele usa o Machado Leviatã, uma arma que simboliza seu novo caminho — brutal quando necessário, mas profundamente ligada à sua identidade atual.

A relação com Atreus é central. Kratos precisa aprender a dialogar, a incentivar e, sobretudo, a proteger sem sucumbir à raiva que sempre o guiou.

Já em God of War: Ragnarök, essa transformação ganha ainda mais peso: Kratos enfrenta não apenas reis nórdicos, mas também seus próprios demônios, enquanto tenta evitar que o fim dos mundos (o Ragnarök) devaste seu filho.

Fonte: IGN Brasil / Divulgação

4. Temas que atravessam as eras

  • Redenção: O Kratos grego não era simplesmente cruel — ele era escravo daquilo que o feriu. Agora, ele busca redenção por meio de seu papel como pai e guerreiro com propósito.
  • Paternidade: A figura de Atreus força Kratos a encarar um lado de si mesmo que ele jamais explorou: vulnerabilidade, amor e responsabilidade.
  • Identidade: A mudança de panteão também simboliza uma transformação interna, evidenciando que Kratos não é apenas um guerreiro, mas alguém em busca de significado.
  • Ciclos de violência: Ele carrega o legado de destruição da sua primeira era, mas na segunda, precisa quebrar esses ciclos para proteger o futuro.

5. Por que essa evolução importa

A reinvenção de Kratos é mais do que uma mudança estética ou de enredo: representa como personagens de videogame podem amadurecer junto com seu público.

Muitos fãs que cresceram com Kratos vingativo agora o veem como uma figura de sabedoria — e isso reforça o poder dos games para contar histórias profundas.

Além disso, a evolução de Kratos também reflete tendências narrativas nos games: menos foco em violência extrema gratuita, mais em narrativa emocional, relações familiares e conflito interno — algo que atrai tanto fãs antigos quanto novos.

Se você curte esse tipo de análise de personagem, compartilhe esse artigo com outros fãs de jogos e narrativas épicas — especialmente quem viveu a transição entre a era grega e a nórdica de Kratos.

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